quinta-feira, 14 de outubro de 2010

OUTUBRO INDEPENDENTE E CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE APRESENTAM:



Dia 16/10, sábado, 18h.
Grátis. 300 lugares. Distribuição de ingressos a partir das 10h, na recepção do CCJ. Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso – Anfiteatro. End.: Av. Deputado Emílio Carlos, 3641 – Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte. Telefone: (11) 3984-2466.

http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br
www.twitter.com/ccjuventude

Assessoria de Comunicação
Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Contato: (11) 3984-2466

Avenida Deputado Emílio Carlos, 3641-
Vila Nova Cachoeirinha - São Paulo - SP
OUTUBRO INDEPENDENTE E CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE APRESENTAM:


Dia 17/10, domingo, 18h.
Grátis. 300 lugares. Distribuição de ingressos a partir das 10h, na recepção do CCJ. Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso – Anfiteatro. End.: Av. Deputado Emílio Carlos, 3641 – Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte. Telefone: (11) 3984-2466.

http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br
www.twitter.com/ccjuventude

Assessoria de Comunicação
Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Contato: (11) 3984-2466

Avenida Deputado Emílio Carlos, 3641-
Vila Nova Cachoeirinha - São Paulo - SP

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Charlatães e prestidigitadores..por Lara

Charlatães existem em todos os campos. Não é apenas um ou outro poetinha alternativo que usa a “desculpa” da transgressão para justificar uma literatura mal escrita (ruim mesmo) ou as limitações de suas atividades “intelectuais”, ou a sua incapacidade de escrever uma poesia bem elaborada, mesmo que não seja em estilo clássico ou não tenha “harmonia” na sintaxe (enfim: mal concatenada). Mas alguns poetas acadêmicos também fazem prestidigitação literária quando escrevem uma poesia pomposa e balôfa, um gongorismo sem conteúdo (turvam suas águas pra que pareçam profundas?). A meu ver, esses são também prestidigitadores, embora, diferentemente de alguns poetas transgressores, usem uma fachada “intelectualóide” para disfarçar uma inanição conteudística e uma “ruindade” de outro tipo. Evidentemente, esse tipo de literatura não passa de mais uma punheta estilística (mas cacofonias, por exemplo, podem acontecer em qualquer um dos dois).

Às vezes há também charlatanismo no conteúdo, em ambos os lados. No caso da herança contracultural, temos o caso da pregação de “liberdade total” ou de “falta de cultura” para combater a normose coletiva. Dois equívocos, evidentemente. E eu estou dizendo “equívoco” para não dizer “esperteza”, “malandragem”. Sem falar no mito do poeta “doidão” e autodestrutivo, quando a autodestruição é pregada como uma bandeira cultural-existencial (“viva intensamente e morra jovem”), ou como uma exigência para o postulante a poeta transgressor. Ninguém, de sã consciência, vai pregar a inanição cultural como uma tática para combater a normose cultural dos conservadores e reacionários, ou o suicídio branco como uma arma contra o “Sistema”. Pelo contrário: quanto mais ampliada a consciência e a visão crítica, mais temos chance de combater o Estabelecido. O Raul Seixas cunhou uma frase infeliz: “falta de cultura pra cuspir na Estrutura” (um grave equívoco, obviamente).

A origem do termo “poesia marginal”.

A minha desconfiança pessoal é de que esse termo foi cunhado pela intelectualidade academicista, “reacionária” e misoneísta do sudeste-sul no início da década de 70 (com o objetivo capcioso de denegrir e desqualificar, obviamente). O problema é que a paternidade nunca foi assumida. O nome surgiu “no ar”, e os poetas alternativos e/ou independentes assumiram a “metáfora”. A partir daí, o termo consolidou-se. A meu ver, está na hora do pai assumir a criança. Afinal, se ele tiver a coragem de assumir o rebento, pode ter alguma perda política ou cultural, mas terá algum ganho histórico (uma vez que seja reconhecido como o “inventor” do termo).

Atualmente, a maioria dos poetas e escritores que foram identificados como “marginais” não se identificam mais com essa definição. Alguns poucos ainda assumem o “rótulo” (como é o caso do pessoal da literatura marginal paulista e de alguns poetas recifenses oriundos da resistência cultural do Movimento de Escritores Independentes no início da década de 80, ou da poesia marginal pernambucana, propriamente dita, a partir da década de 90). Eu também não tenho problema em ser chamado de escritor “marginal”, embora prefira o termo “independente”. O problema, no frigir dos cocos, parece estar mais relacionado com demarcação de territórios do que com a sensação de constrangimento em ser identificado com um “marginal”. Argumentam alguns que, uma vez que este tipo de literatura já está razoavelmente assimilado por boa parte da crítica e da coletividade, não faria mais sentido insistir na demarcação. Poesia é poesia, pouco importa se está à margem ou não: isto é uma verdade. Mas eu acredito que ainda é necessária a diferenciação, por vários motivos. Eu gosto de saber onde estou pisando, de clarear referências. Seu eu disser “padrão grego”, ou “estilo clássico”, o leitor imediatamente terá um entendimento intuitivo do que eu estou querendo dizer. E se eu disser “estética da fome”, idem. Ou “teatro da crueldade”. Ou “estilo marginal”. ETC. Portanto, as diferenciações continuam sendo necessárias, não como “rótulos”, mas como uma referência mínima para facilitar o entendimento inicial do leitor.

Outro argumento capcioso usado pelos defensores do cânone ocidental é a afirmação de que a poesia marginal é um fenômemo datado. Se esse não é um argumento capcioso, é uma limitação perceptiva, ou uma discriminação cultural. Acredito que as proposições estilísticas e temáticas colocadas pela poesia marginal são intuições seminais válidas para qualquer contexto. Permanecem como opções, entre outras, dentro de um leque literário ampliado, inclusive para “aperfeiçoamentos”. Nunca é demais lembrar que, em meados da década de 70, era comum a intelectualidade acadêmica afirmar que “poesia marginal não é literatura”. Aliás, por falar nisso, esse mesmo “argumento” foi usado contra alguns escritores beatniks na década de 50 (o Ginsberg, inclusive, enfrentou um processo por atentado violento ao pudor). Dizia-se também, nos meios “ultra-intelectuais”, que esse tipo de literatura não tem cidadania estética. Ainda dizem? Quem tem a coragem de continuar dizendo? Sejamos lúcidos e vamos admitir que essa afirmação de que apenas a literatura canônica tem cidadania estética é uma “conversa pra boi dormir”, se não for uma discriminação mesmo, além de um elitismo horrível.

LARA
escritor independente
Recife, julho-2010